Entre virgulas

Num caderno espiral de folhar recicladas e envelhecidas registramos a nossa vida, como numa história sem fim e um começo indefinido, alguns momentos são registrados com aquela caneta que tem cheirinho de morango, e os pingos dos ‘is’ tornam-se corações em outros parágrafos. Movidos por emoções distintas em paisagens diferentes,  certamente a melhor paisagem que estive foi você.

Você tirou o boné e jogou os cabelos para o lado, eu sorri, em um piscar de olhos você voltava a tirar o boné, mas agora, colocava os dedos entre os cabelos que formavam um topete sexy, mas uma vez, eu sorri, ah que paisagem divina.

E os predicados ficam mais completos com o aposto o acompanhado, espero que o aposto da nossa história seja sempre um sorriso, entre virgulas, demorado e bem largo, aquele sorriso que dói as bochechas e reconstruí a alma.

A paisagem ajuda a mover o caminho da história, e certamente os capítulos que tenho você como inspiração são os melhores, com mais emoções e mais confusos, por vezes questiono o que sinto, e mesmo sem saber ao certo o significado do amor, tenho a certeza que ao acordar te amarei ainda mais. Os capítulos da minha história, em que me tornei a personagem secundaria, mostram o que é a distância e que ela machuca, e por fim, que é possível se mudar uma vida, mesmo que você não saiba da existência desta.

Num pico qualquer da cidade, tenho uma visão privilegiada dessa paisagem maravilhosa, os olhos brilham e os lábios curvam-se em um sorriso, eu te amo. A paisagem mais bela de todas, seus cabelos levemente sendo colocados na posição confortável para receber o boné, aquele sorriso lindo e o mundo nos dividindo. 

Viro a página com a certeza de que talvez seja dessa vez que o capitulo enfim tenha o seu perfume, ou, minhas lagrimas borrem as folhas do caderninho velho.