Garçom, mais uma dose por favor!

Peço ao garçom mais um doze, sem gelo, quero sentir descer queimando em minha garganta, que o caminho percorrido seja sentido em momentos depois, que doa. A dor da doze descendo é como uma anestesia para todos os meus problemas. Mas que problemas eu teria? Uma jovens, de pouco mais de 15 anos, muito pouco mais que isso, vivendo com os pais na região sul da cidade, nos limites do possível tenho tudo o quero, e talvez esse seja o maior dos problemas, ter tudo, e tudo muitas vezes significa nada.

A doze tem um sabor de saudade e me sinto como em um devaneio, mas volto ao meu normal no momento seguinte, não que o meu normal seja algo realmente comum. Sua voz esta por toda parte, posso sentir como se você estivesse aqui, e me imagino conversando sobre um assunto qualquer, comum entre nós, será que existe algo entre nós dois? Não sei ao certo, mas estamos sorrindo, e parecemos mais próximos do que jamais seremos, você pede a conta e nós nos despedimos, em um daqueles abraços apertados, suficiente para você sentir o perfume da pessoa entrando  em suas narinas sem dificuldade, e suas costas estalarem, dando uma sensação inexplicavelmente boa. Acordo, e volto a inércia mental novamente, você não esta aqui, tenho que entender.

Depois de algumas dezenas de doses e um punhado de tragadas, me levanto decidida a parar com isso, isso não pode me dominar dessa forma, você não pode e não vai me dominar assim, não mais. Alguns passos em diante e percebo que isso não é possível, você é o meu vicio, minha droga, meu ponto de paz, anestesia. Suas doses me sustentam e tragar seu cheiro.

Não bebo álcool, tão pouco fumo algum tipo de erva, mas entendo quem os faz, afinal pra mim você tem o efeito exato que essas drogas tem no corpos de seus usuários, uma dose pequena e eu esqueço de todos os problemas, entro em um mundo paralelo, somos apenas nós dois, e por falar nisso “Garçom, mais um dose de Justin Bieber por favor!”